terça-feira, 24 de setembro de 2013

Alma.






Fantasmas rodeiam minha cama quando não há luz. É possível ser feliz olhando o céu quando lembranças não navegam entre as nuvens. O pulsar me dói na cicatriz quando julgo que já passou. Repito para o espelho que tudo teve fim mas a verdade é que ainda fujo das fotografias que antes olhava com zelo. Os rascunhos se tornaram parte dos meus pesadelos, já não consigo ser completamente sincera nas palavras que destino porque ainda permanece intacto nas entrelinhas. Jurei que mataria tua memória nas minhas entranhas mas o fato é que apagar você é o mesmo que rasgar parte de mim, então viro as costas para a poesia que me apetece. Você foi um sopro de vida que se entrelaçou em minhas células e não há como desatar os nós sem que parte de mim se perca. Minha natureza impede partidas completas, o adeus não existe nos meus olhos e meus dedos não são capazes de esquecer toques imperceptíveis dados num tempo de pétalas e jardins. Essa noite é de chuva e só o céu não notou. Os olhos já não escorrem, mas a alma está num estado de pranto que se eleva sempre que trechos de cartas são sussurrados pelo vento. Em meu peito existem doçuras que se negam a retornar para a superfície. Ninguém compreende as incoerências que dizemos em tristeza, nem nós mesmos, mas elas precisam ser ditas para a liberdade se aproximar. Eu jogaria nosso amor no mundo para ver se ele ainda é capaz de formar coisas belas. Amar é aceitar a dor que o amor carrega, o espinho na rosa mais bela. 
G. 

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